Orientadora: Maria Chaves
Jardim Professora Ms do
Instituto Educacional de Monte Alto –
IEMA
Co-orientadora: Daniela B.
Oliveira Pós-Graduanda do
Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos,
UFSCar
Autora 1: Marina S. Sartore
Pós-Graduanda do Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de
São Carlos
Autor 2 Sávio Garcez Moraes,
Licenciado em Letras, Universidade Federal de São Carlos,
UFSCar
Autor 3: Clayton R. Marques,
Bacharel em psicologia, Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR
Autor 5: Sarah Oliveira
Lollato, Psicólogia, Ms em Educação Escolar. Professora do Instituto
Taquaritinguense de Ensino Superior
Autor 6: Marcelo Augusto
Daga, Graduando em Administração, Faculdade de Administração e Negócio de Monte
Alto (FAN)
Introdução: Trata-se de uma
pesquisa de caráter exploratória
desenvolvida em um bairro popular da cidade de São Carlos/SP, na qual buscamos identificar os motivos
que influenciam na baixa auto-estima dos moradores e na ausência de identidade
com o bairro. O interesse por este bairro surgiu do diagnóstico “Condições
de vida e pobreza em São Carlos: uma abordagem multidisciplinar (1994) realizado
pelo Núcleo de Pesquisa e Documentação do Departamento de Ciências Sociais da
UFSCar, cujos indicadores sociais apontavam este bairro como um dos mais
carentes em relação à educação, saúde, segurança, renda familiar e inserção no
mercado de trabalho.
Metodologia: Essa Pesquisa Exploratória apoia-se na abordagem Qualitativa e tem como técnica de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, conversas informais e observação participante, visando aprofundamento dos dados. Nossa amostra foi composta por 13 membros da Associação de Moradores do Bairro e 30 adolescentes. A escolha pelos membros da Associação justifica-se por se tratar da entidade representativa dos moradores. A escolha pelos adolescentes deve-se a estes estarem vivendo o momento de elaboração da identidade.
Junto aos membros da Associação buscamos detectar o sentimento de identidade com o bairro, seu envolvimento com os problemas do bairro, a motivação no encaminhamento das demandas dos moradores, o espírito de liderança, bem como o espírito de grupo que estabelecem com o bairro; Junto aos adolescentes - 12 a 16 anos -, buscamos avaliar a auto-identidade e a relação e o sentimento de pertencimento que estabelecem com o bairro. Visando um primeiro contato com moradores de outros bairros da cidade, e observar o que pensam do bairro Cidade Aracy, realizamos entrevistamos com 1 motorista de ônibus, 1 cobrador de ônibus, 1 taxista, 5 representantes de comércio e 2 empresários da cidade.
Resultados:
Detectamos que a baixa auto-estima dos moradores do bairro Cidade Aracy,
relaciona-se não somente a
desigualdade social e econômica a
que estão submetidos, mas sobretudo, à questões culturais, a saber, o estigma da pobreza, que trás
consigo o estigma da marginalidade. Este estigma é fomentado pela imprensa, que
correlaciona de forma direta as variáveis pobreza e marginalidade, quando
divulga de forma sensacionalista os atos de violência e as “condutas sociais
desviantes” do bairro, intensificando a tensão social ali já existente.
Dessa
forma, o
estigma da pobreza existente no bairro, faz com que as empresas locais
privilegiam trabalhadores não-oriundas deste; que motoristas, taxistas e
cobradores trabalhem aterrorizados pelo medo da violência; que moradores do
bairro não consigam crédito no comércio para financiar as despesas básicas; e
por último, que professores não trabalhem no bairro no horário noturno, privando
jovens e adolescentes do direito ao acesso à escola.
Finalizando, observamos que morar no bairro Cidade Aracy
constitui uma grande barreira social, especialmente junto aos adolescentes, que
vivem um momento de conflitos e incertezas, próprios da idade. Precisam se
auto-afirmar, ganhar visibilidade social, mas não querem que sua história
pessoal esteja relacionada à história do bairro. Nesse sentido, negam sua
identidade e o sentimento de pertencimento com este. Por outro lado, devido a
baixa auto-estima a que estão submetidos, a Associação de Associação de
moradores não tem claro seu papel de ator coletivo, não possui espírito de
liderança e não é capaz de diagnosticar demandar e encaminhá-las aos órgãos
competentes. Além disso, sofrem pela falta de visibilidade junto aos moradores,
que não a legitima como representante do grupo, e não a vê com capacidade de
atuar em nome do bairro.
Conclusões: Devido ao quadro de estigma social existente no bairro, os moradores negam a identidade de morador da periferia urbana de São Carlos, negando da mesma forma sua própria identidade, sua história e o sentimento de pertencimento com o bairro. Isso fica evidente quando incorporam o discurso de dominado e o reproduzem nas suas ações sociais. Esse fenômeno de incorporação da inferioridade, é denominado de violência simbólica (Bourdieu, 1989). A violência simbólica - que é simbólica porque acontece de forma invisível e dissimulada - leva os moradores a legitimarem a posição de dominados, compartilhando o discurso dominante em torno do estigma do bairro. Essa violência ocorre claramente, quando, por vergonha, omitem o endereço, tornando-se cúmplices da situação; quando desvalorizam, no plano discursivo, a partir de piadas e comentários pejorativos, o bairro e seus moradores; por fim, a violência simbólica ocorre, na sua prática social cotidiana, quando incorporam o discurso de marginalizado e se acomodam ao quadro social existente.
Apoio:
PUC-Rio
Palavra-chave 1:
bairro
Palavra-chave 2: estigma
pobreza
Palavra-chave 3: violência
simbólica