A
Previdência Social e o mercado de Previdência Privada: um olhar sociológico
Maria Aparecida Chaves Jardim
RESUMO
Trata-se de um
estudo que acompanha a previdência social desde suas origens históricas,
enfatizando momentos importantes como a Lei Eloi Chaves, a regulamentação da
previdência privada de 1977 e suas sucessivas crises, até a criação do mercado
de previdência privada, que encontra-se em curso.
No decorrer do
artigo, argumentamos que visando criar um sólido mercado de previdência privada,
o governo fomentou e incentivou o interesse por previdência, que por sua vez,
passam a substituir/complementar a segurança fornecida pelo Estado. Nesse
processo, a imprensa teve papel fundamental, divulgando a falência da
previdência social, as vantagens da previdência privada, bem como sua
importância enquanto elemento essencial no desenvolvimento econômico do pais.
Consideramos, assim, que a influência exercida pela imprensa sobre os destinos
da previdência social é fundamental na criação do mercado de previdência
privada. Contudo, acrescentamos que os argumentos da imprensa só encontraram
eco, devido a existência, junto aos indivíduos de classe média, de uma
pré-disposição para o consumo de previdência privada.
Dessa forma,
papel da imprensa e pré-disposição cultural são elementos que não devem ser
ignorados na leitura sociológica do problema. Nesse artigo, a imprensa e a
pré-disposição são definidos, respectivamente, como variável social e variável
cultural.
Em termos teóricos, esse artigo recebe inspiração de trabalhos de Pierre
Bourdieu, Karl Polanyi e Viviane Zelizer. Tem como fonte empírica a coleta de
dados em revistas de grande circulação durante os anos de 1970 e de 1996 a
2002.
Palavras-chaves: sociologia do trabalho,
sociologia econômica, previdência, mercado, classe-média.